segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Começar de novo!


Quando decidimos vir pro Canadá, eu já sabia que teria de ter uma carreira diferente por aqui, já que tenho formação em Jornalismo, mas trabalhava com revisão de textos. Pois bem! Que eu teria que fazer algo diferente eu já sabia. Só não sabia o que fazer!
Chegamos em abril e eu fiquei por conta de estudar inglês. Sou super ansiosa, e queria falar direitinho o mais rápido possível. Agora já coloquei na minha cabeça que ser fluente leva tempo. O fato é que estou melhorando!
Nesses quase cinco meses só estudando inglês, eu nunca sosseguei. A vontade de trabalhar foi chegando, e eu andei mandando alguns currículos para recepcionista, data entry, auxiliar administrativo... até no site do Tim Hortons eu me cadastrei. Nenhuma resposta.
Fiz um workshop de "mudança de carreira" e comecei a pensar mais seriamente na possibilidade de começar, realmente do zero, uma nova profissão. Não tenho absolutamente nada contra survival job, principalmente para quem já sabe que, mais cedo ou mais tarde, vai voltar a trabalhar naquilo que sempre trabalhou e que gosta. O survival faz parte do começo, mas não acredito que eu ficaria realizada pessoalmente se tivesse que trabalhar em algo que não gostasse, para o resto da vida.
Pois bem... Pensamos, ponderamos, calculamos... e decidimos que valeria a pena investir em estudos. Encontrei um curso de um ano, que me foi fortemente recomendado por três canadenses e apliquei para a prova, que fiz, na semana passada, e fiquei arrasada. Achei super complexa. Participei, inclusive, de uma espécie de dinâmica de grupo. Voltei pra casa triste, pois tinha certeza que não havia passado. O pior é que não tinha pensado num "plano B".
Bom, mas essa angústia durou pouco! Dois dias depois da prova, eu recebi uma carta informando a minha aceitação no College! A partir da semana que vem começo um curso de ECE (Early Childhood Education) e em 12 meses terei um diploma canadense em mãos! Vou trabalhar com crianças entre 0 e 5 anos. Vai ser um ótimo treino para quando eu for mãe!!
Estou bem contente! Vai ser um desafio e tanto pra mim, já que esse curso é bastante puxado. Mas vou me dedicar ao máximo, pois sei que só tenho a ganhar com isso!
Esta escolha não foi em vão. Ainda no colegial, considerei fazer Magistério. Mais tarde, na hora de escolher a faculdade, estava em dúvida entre Jornalismo e Psicologia... e depois de formada (e frustrada!) cheguei a pensar em cursar Pedagogia. Acho que eu tinha mesmo é que vir pro Canadá pra entrar nessa área!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Sistema público de saúde - a primeira decepção


Hoje precisei fazer uns exames num labaratório aqui em Toronto e tive minha primeira decepção com o sistema público de saúde.
O laboratório fica no mesmo prédio do consultório do meu médico de família, o que achei ótimo, porque é bem pertinho de casa e eu não precisaria andar muito logo cedo, em jejum. Ops... logo cedo?? Que nada! Não sei se são todos assim, mas esse laboratório começa a funcionar, ou melhor, abre às 8 horas.
Cheguei às 8h10 e tinha um cartaz sobre a mesa, escrito a mão, orientando os pacientes a pegarem uma senha e aguardarem. Foi o que fiz. Minha senha era número 6. Sentei e fiquei só observando. Logo vi um senhor de jaleco em uma sala ao fundo. Ele mexia em algumas ampolas. De repente entrou um rapaz pela sala de espera com um potinho cheio de urina. Entrou em uma outra sala e deixou o potinho lá. Em seguida, o senhor de jaleco buscou o pote, levou para a outra sala, abriu e despejou certa quantidade em outro recipiente. Etiquetou. Jogou o resto da urina fora. Tudo ali, com a porta aberta, com a platéia que quisesse acompanhar. (Acho que só eu, já que as outras pessoas ou liam, ou conversavam, ou resmungavam pela demora).
Finalizados os procedimentos do exame do rapaz da urina, o senhor de jaleco foi para a recepção e chamou a próxima senha: "number 2" - 8h30! Se fôssemos nesse ritmo, com um só funcionário, eu desmaiaria de fome a qualquer momento! Era só esse senhor para dar conta de tudo! Chamar os pacientes, verificar os exames requisitados, passar os dados para o computador, imprimir etiquetas... eis que uma moça "apareceu" para ajudá-lo! Não sei se eles revezam ou se é sempre assim, mas a partir do momento em que a moça chegou, o senhor ficou sendo responsável só pela triagem dos pacientes. Em seguida chegou mais uma moça e aí sim, a coisa começou a fluir. Mas eu fui ficando cada vez mais preocupada. Uma delas usava um jaleco impecavelmente encardido e uma luva cirúrgica em apenas uma das mãos. E era com essa mesma mão que ela fazia anotações, guardava potinhos, coçava a cabeça, e até atendeu ao telefone. Torci muito para não ser atendida por ela e não fui! Mas a que me atendeu não usava luva em nenhuma das mãos!!! Parei de pensar! Ela disse para eu me sentar na cabine número 1. Entrei na sala e dei de cara com um biombo de papelão, com o número 1 escrito a mão. Sentei. A moça me entregou um potinho para colher urina. E eu que achava que estava ali só para um exame (completíssimo, porque o médico ticou vários quadrinhos do formulário) de sangue. Ok... perguntei pra ela onde eu teria que ir, e ela disse: "atravesse a sala de espera, passe pelos dois elevadores e vire à direita". Lá fui eu. Colher urina num banheiro público. Voltei. Eu e meu xixi atravessando a sala de espera. Agora era eu a moça do xixi. Quando sentei novamente no biombo #1, dei de cara com 13 ampolas. Contei duas vezes, pra ter certeza. Perguntei pra moça sem luvas se aquilo tudo era pra mim e ela disse que sim. Fez um singelo furinho com uma agulha em meu braço, e tchuf, tchuf, tchuf... só enchendo e trocando as ampolinhas. Em nenhum momento olhou para minha cara pra saber se eu estava desmaiada. Lembro de ter feito exames de sangue várias vezes no Brasil, e as pessoas lá sempre perguntavam: "tá tudo bem?" - isso com 2... 3 ampolas. E aqui a mulher me tirou TREZE ampolas de sangue e nem quis papo! Quando acabou, ela disse que precisava checar meu coração. Pensei: "ah, legal! Ela está preocupada porque deve achar que estou fraca... vai medir minha pressão antes de me deixar ir embora". Pediu que eu a seguisse até outra sala, e que tirasse a blusa que ela já voltaria para completar o exame. Aí que me toquei que se tratava de um outro exame!! E eu que pensei que estava ali só para um exame de sangue completíssimo e um de urina num banheiro público! O médico não comentou que me pediria esse exame do coração. Ou será que comentou e eu não entendi?!! To mal hein!! Mas beleza, é sempre bom fazer um check-up!
Bom, saí do laboratório verde de fome, e não pude deixar de lembrar da "melhor parte" dos laboratórios no Brasil: o vale-lanchinho após os exames!! Tinham uns que davam até pão de queijo e suco de laranja! Em outros era posível escolher entre chá, café, suco, chocolate, tipo de sanduíche... Acordei, entrei no primeiro Tim Hortons que vi e mandei pra dentro uma bagle e um chocolate quente.

O objetivo principal deste post é saber das pessoas que moram no Canadá se todos os laboratórios que atendem pelo sistema público são assim. Não vou nem ficar descrevendo como são os laboratórios que eu costumava frequentar em SP! Acredito que todos saibam do que estou falando! Achei tudo muito desorganizado e fiquei pasma com a falta de estrutura e higiene. Tomara que este seja uma exceção. Se alguém puder me dar dicas de outros laboratórios em Toronto, eu agradeço. Infelizmente não sei o nome desse laboratório que fui... nem sei se tem nome. Como os exames são enviados direto para o médico, não ficamos com nenhum protocolo, onde poderia estar escrito algum nome.

Eu não quero luxo, mas acho que luvas (que devem ser trocadas a cada procedimento), touca e um banheiro dentro do laboratório, esterelizado, deveriam ser o mínimo! A parte do café da manhã eu dispenso! Paga-se caro demais no Brasil por isso, eu sei!!


terça-feira, 4 de agosto de 2009

A rotina


Chegamos há quase 4 meses em Toronto. Engraçado, mas às vezes parece que isso é pouco, e às vezes parece que já é um tempão. No início é aquela correria sem fim, várias coisas pra resolver, tudo novidade, pessoas pra encontrar, pra reencontrar, pra conhecer! Agora, já com "alguma experiência" de Canadá, as coisas vão entrando nos eixos e vamos criando nossa rotina.

Eu pensei que essa minha nova vida fosse ser mais difícil. Estou me surpreendendo comigo, já que nunca tinha morado fora do Brasil. Aliás, isso nunca tinha passado pela minha cabeça. Claro que no início todos têm os altos e baixos, mas eu procuro manter minha cabeça sempre ocupada para evitar que os baixos sejam mais frequentes que os altos! Já estou na minha segunda escola de inglês (a primeira está de férias... 1 mês e meio!! Fugi de lá!). Comecei no nível 4, logo passei pro 5 e agora estou no 6. Os sete anos de curso de inglês no Brasil estão voltando rapidamente (e claro, com muito mais qualidade) aqui. Além das aulas diárias, já participei de um workshop e hoje mesmo fui fazer minha aplicação para um College. Vou passar por uma entrevista e um teste de inglês nas próximas semanas, e se for aceita começo a estudar no final de agosto. Tirando a parte de cursos e afins... nós já achamos nosso médico de família e eu já precisei dele. Nada a reclamar, pelo menos por enquanto. Já encontrei também uma cabeleireira por aqui! É brasileira e foi aprovada no quesito "retoque das luzes"! Ueba!! =)

O Pedro está trabalhando há pouco mais de um mês, e desde então começamos a montar o nosso ap. Já estávamos cansados de dormir em colchão inflável e assistir TV sentados em almofadas. Mas decidimos que faríamos esse sacrifício no início e valeu a pena. Nossa sala está bem simpática! Colocamos uma mesa junto à janela (que mais parece uma sacada) e temos o privilégio de fazer as refeições olhando para a CN Tower!

Pra relaxar depois do trabalho, o Pedro agora faz parte de dois times de futebol, com jogos toda semana. Quinta-feira passada até eu fui num desses jogos, pra assistir. (Isso porque na terça ele chegou tarde em casa e eu fiquei beeeem brava! Aí ele resolveu me levar junto! hehe)

Nossos fins de semana têm sido muito gostosos. Compramos bikes, e quando não estamos com amigos queridos, estamos pedalando por aí. Gostamos muito dos parques da Old Mill pra pedalar. Ontem, como foi feriado e o dia estava lindo, fomos pedalando até o High Park. A foto do post foi tirada lá, enquanto eu descansava, lendo, na sombra! Aliás, eu estava lendo o livro "Bye bye Brasil", que conta a história de uma família baiana que se mudou para o Canadá em 2001. Estou gostando da leitura. Foi o primeiro livro em português que peguei pra ler desde que cheguei aqui. Tenho preferido ler mais em inglês, pra fazer lavagem cerebral!! Estou lendo também um romance da Nora Roberts. Adoro livros água com açúcar! Tudo é válido pra treinar o idioma!

Resumindo... todo aquele stress causado pela expectativa do visto, e depois pelas providências a serem tomadas aqui quando chegamos, passou. Agora é vida real. Moramos no Canadá. Nossos planos se concretizaram, e agora é aproveitar e viver da melhor maneira possível.

Este post está parecendo mais um "querido diário", mas na verdade eu quis fazer um balanço desses nossos quatro meses aqui... e posso dizer que o saldo está sendo positivo!