sexta-feira, 25 de abril de 2008

Integração diferente




Certa vez, num almoço entre amigos que também estão querendo “fugir” do Brasil, algumas pessoas relataram fatos de violência que haviam sofrido e que, de certa forma, fizeram ou com que elas resolvessem tentar a vida num lugar mais tranqüilo, ou com que percebessem que estar no processo para o Canadá havia sido a decisão mais acertada.

Não acho que cada um de nós precise sentir na pele um assalto, um seqüestro, ou algo parecido para perceber que a cada dia que passa o Brasil está mais violento, e que essa violência está cada vez mais banalizada. Infelizmente esses fatos se tornaram tão corriqueiros que ninguém se assusta mais com esse tipo de notícia. Se até pais matam os filhos, e filhos matam os pais, por que um bandido teria piedade da vida de alguém que nunca viu antes?!

Por isso pensei em nem publicar aqui no blog o que me aconteceu hoje... Afinal, graças a Deus, ninguém saiu ferido e pelo que relatou a “rádio-peão” a única coisa roubada foi um celular.

Mas mudei de idéia e estou aqui escrevendo, afinal, não aceito achar normal eu ter voltado do almoço e me deparado com três carros de polícia estacionados em frente ao prédio onde trabalho... Estou na empresa há menos de um mês, então não conheço a maioria das pessoas. Não sei por que, mas não participei de nenhum tipo de integração ou simples apresentação. Entretanto, ainda na esquina do prédio, um moço pegou no meu braço e avisou que não era para entrar... “tem um bandido no nosso andar!” Fiquei assustadíssima e mil coisas horríveis vieram à minha cabeça (entre elas: “quem é esse? Como ele sabe qual é o meu andar? rs). Havia umas 10 pessoas da empresa ali “esperando”... O quê? Uma bala perdida? Eu queria sair dali!! Principalmente quando chegou mais um camburão com homens armados de metralhadoras (pra mim eram... sei lá se aquilo tem outro nome) e escudos, informando que fariam uma varredura em todo o prédio, que poderia durar cerca de duas horas... – mais um motivo para sairmos dali! Enquanto isso, os funcionários da rua se comunicavam com os funcionários do prédio, que estavam trancados, cada departamento em sua sala... Nesse momento eu agradeci a Deus por ser a última do meu departamento a sair pro almoço! Bendita escala! Pelo menos de onde eu estava, tinha pra onde fugir! Finalmente alguém teve a brilhante idéia de irmos tomar um café. Fomos. E foi ali, no meio da rua, naquela confusão, e ainda trêmula, que eu conheci alguns dos meus colegas de trabalho, entre eles o dono e o superintendente da empresa! Duvido que alguém já tenha participado de uma “integração” tão emocionante!

Foi a conta de tomarmos nosso cafezinho e alguém avisou que o prédio estava liberado.

Saldo da “brincadeira”: nenhum bandido encontrado, um celular roubado, uma hora e meia de trabalho perdidas e a vontade de ir embora logo para o Canadá, que já era grande, aumentada! Se eu pudesse levaria comigo debaixo do braço cada pessoa que mora no meu coração...

Enfim... não quero ser dramática, nem comparar esse fato de hoje com os episódios horrendos vividos por muitos conhecidos, mas simplesmente mostrar que ninguém está livre de nada! Infelizmente saímos de casa e não sabemos se voltaremos... Ou em certos casos, como aconteceu recentemente com um casal de amigos virtuais (por enquanto!), nem é "preciso" sair de casa... A violência invade nosso espaço e nos tornamos vítimas em nosso próprio quarto!

domingo, 20 de abril de 2008

Albergue Espanhol (O filme da minha vida)




Como a Dani viajou pra casa dos pais neste feriadão, fiquei sozinho aqui em Sampa, e já que o tempo lá fora não está dos mais convidativos, nem dá vontade de por os pés na rua.

Estou aproveitando pra colocar a leitura em dia, retomar os tempos de adolescência jogando uns games antigos aqui no PC e, agora à noite, acabo de assistir L' Auberge Espagnole, acho que pela quarta vez.

O Albergue Espanhol conta a história de Xavier, um francês que vai passar uma temporada em Barcelona para aprender espanhol e poder futuramente trabalhar no Ministério da Economia quando retornar à França.

Chegando na capital da Catalunha, ela divide um apartamento com novos amigos vindos da Itália, Bélgica, Alemanha, Inglaterra e Dinamarca.

É um filme que me causa uma sensação muito gostosa, que me faz lembrar a época em que fiz intercâmbio, tendo passado por muitas experiências parecidas com a do protagonista.

Assim como Xavier, fiquei fascinado em conhecer outra cultura e gente do mundo inteiro.

Ao voltar pra Paris, Xavier se sente um estrangeiro em seu próprio país. Quando vai pro primeiro dia de trabalho no Ministério, ao dizer para uma colega mais velha que está com 25 anos, escuta na sequência: "Que bárbaro, vai poder se aposentar ainda muito jovem!".

Pouco depois disso, ele simplesmente começa a correr e foge daquele local, deixando o tal emprego pra trás pra realizar seu sonho de ser escritor.

Lembro que quando voltei ao Brasil, passei por uma situação semelhante. Após passar no vestibular, demorei mais de 1 mês pra aparecer na faculdade. Definitivamente, ficar por aqui não era meu desejo...Mas a vida real é diferente dos filmes e, ao contrário de Xavier, acabei deixando a vida seguir o curso normal e fiquei no Brasil, mas sempre com aquele sonho adormecido de um dia voltar a viver no exterior.

Eis que cerca de 15 anos depois, este sonho está se tornando realidade! Espero dentro de alguns meses poder partir pro Canadá, um país multicultural, assim como o apartamento de Xavier em Barcelona.

Posso não ser mais tão jovem como na época do intercâmbio, mas por outro lado agora já sou um adulto com bagagem profissional e de vida que será muito importante nesta nova etapa.

Assim como O Albergue Espanhol teve uma sequência (Les poupées russes), espero poder dar continuidade a este sonho também!

Qual o filme da vida de vocês?