segunda-feira, 11 de abril de 2011

11 de abril de 2011 - 2 anos no Canada!

Pois é!! Há exatos dois anos nós desembarcávamos em Toronto, em busca de uma vida nova. As dúvidas eram muitas, os medos também, mas arregaçamos as mangas e não desanimamos a cada "não" recebido. Conquistamos muitas coisas - não só materiais - mas muito mais importantes: conhecimento, união, companheirismo. Ah! E bons amigos!

Mas não estou aqui pra descrever cada vitória ou derrota dos últimos dois anos... Isso quem acompanha nosso blog já sabe!

Resolvi destacar uma outra parte da vida de um imigrante que, para mim, é uma das partes essenciais para o sucesso longe de "casa": o apoio das pessoas que amamos. Sim, porque se por um lado, como o Pedro descreveu num post recente, existem aqueles que torcem contra, por outro (e este sim, bem importante) tem muita gente que torce a favor! E para nós, que valorizamos muito a base familiar, esse apoio é, literalmente, um "empurrão" que nos faz seguir em frente sem medo de achar que estamos numa aventurazinha qualquer.

Para explicar melhor o que estou tentando dizer, vou colar aqui um e-mail que recebemos hoje da minha mãe, com ilustração e tudo (rs):

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Dani e Pedro,
Parabéns pelos dois anos de conquistas!
Quando vocês foram para o Canadá, dois anos atrás, eu sentia que estavam fazendo a coisa certa. Mesmo sabendo que sentiria suadades, que não poderia participar de perto do dia-a-dia de vocês, eu fiquei feliz. E agora, dois anos depois, me sinto ainda mais feliz. A saudade é grande, a vontade de estar perto maior ainda, mas quando vejo o quanto vocês já conquistaram neste tempo, me sinto muito feliz.
Que os próximos anos sejam ainda melhores - e vão ser - com o Baby, com seus amigos, que são a sua família aí, e mais conquistas!!
Beijos
saudades
mamãe

Eu me sinto privilegiada de ter esse apoio. Sei que, infelizmente, muita gente não pode contar com isso... tenho certeza que sem esse amparo as coisas teriam sido mais complicadas.
Agradeci o carinho e suporte da minha mãe e comentei com ela que têm muitos pais que chegam a fazer chantagem para que os filhos voltem para o Brasil; ou que ficam indiferentes à vida dos filhos por aqui. Ela respondeu: "Eu sempre apoiarei vocês! Vocês tinham e têm o direito de escolher viver aí. E eu estou feliz de verdade porque as coisas estão dando certo. Tem pessoas que estão próximas fisicamente mas não estão tão presentes como sinto que acontece conosco."

É isso aí! "Corujice" à parte eu acho que somos pessoas de sorte. Grande parcela do nosso sucesso aqui se deve ao carinho das nossas famílias!

terça-feira, 5 de abril de 2011

A Turma do Fundao

Aqui no trabalho quem nao eh gerente senta no seu cubiculo, como se ve em varios escritorios. As paredes sao altas, entao voce tem bastante privacidade, nao enxergando as pessoas que sentam a sua volta. Nao eh possivel ver mas eh possivel ouvir muito bem todo mundo, mesmo quem senta relativamente longe, pois o ambiente eh silencioso na maioria das vezes.
Nao trabalho num escritorio da ONU mas a minha volta tenho uma filipina, uma russa, uma chinesa e um equatoriano. Invariavelmente as pessoas acabam recebendo ligacoes pessoais e ai a gente acaba ouvindo a conversa nos idiomas de origem, apesar de nao entender nada.

A filipina: O tagalog eh o idioma dos filipinos e o setimo mais falado em Toronto. Quando ela fala na lingua de origem, a impressao eh que trata-se de uma lingua indigena. O som que eu ouco geralmente eh algo que soa como "PALA-PALA-PALA". Curiosidade: Minha vizinha de baia tem o costume de arrotar relativamente alto, em seguida solta um"EXCUSE ME", como se fosse algo normal, e bola pra frente.

O equatoriano: Nesse caso, pela semelhanca do portugues com o espanhol, nao ha muita dificuldade em entende-lo. A curiosidade eh que ele, pela manha, sempre compra cafe no Tim Hortons e divide sua experiencia degustativa com todos ao redor: ele bebe o cafe emitindo a cada gole um som bem alto ao suga-lo (SLURP) pela abertura da tampa, sendo que em seguida faz um AAAHHHHHHHHHHHH de satisfacao apos engolir o conteudo.

A chinesa: Nao sei o motivo mas a chinesa atende o telefone da seguinte maneira: "HI - HELLO!". Nao eh HI ou HELLO, eh sempre HI-HELLO, como se fosse uma saudacao unica. Pra variar ela tem uma "nome de "guerra": como os nomes dos chineses sao muito complicados, o email dela tem o nome de origem mas ela eh conhecida por todos com um nome "ingles". Deve ser legal poder ter um segundo nome quando se chega em outro pais. Apesar de eu nao ter adotado outro nome, eh muito comum me chamarem de PETER, as vezes acho que eh automatico e muitos nem se lembram que meu nome eh PEDRO.

A russa: Esses dias eu estava falando em portugues ao telefone e reparei que a chinesa estava gargalhando. Ai prestei atencao e notei que a russa estava imitando o que eu falava. Na hora achei ruim e ate comentei isso com a Daniela quando cheguei em casa, mas ai lembrei que eu mesmo ja imitei a tal russa. E o pior eh que mesmo tendo conseguido a cidadania recentemente, o sotaque da mulher eh extremamente pesado. Acho que TH em russo tem som de S, porque ela sempre fala "SANK YOU, SANK YOU".

Se estivessemos numa sala de aula, nos seriamos uma especie de "turma do fundao". Esses dias eu estava reparando como na medida em que o escritorio vai se direcionando pra salas fechadas e com janela, o numero de canadenses vai aumentando e o nivel hierarquico tambem. E nao eh coincidencia que a turma que senta na frente faca parte da SUNSHINE LIST, que eh uma lista que eh publicada pela Provincia de Ontario todo ano, discriminando o nome e salarios/beneficios pagos a todos funcionarios publicos que ganham mais de 100 mil dolares anuais. Eh muito curioso saber os salarios de varias pessoas que trabalham com voce, tudo super transparente. Mas nao da pra chegar e ja querer sentar na janelinha, como diria o jogador Romario. Um dia a turma do fundao chega la.