quinta-feira, 28 de julho de 2011

Como ser brasileiro, mas nao demais, no exterior (7 Erros)


Ontem li no IG uma coluna do jornalista norte-americano Seth Kugel que achei bastante interessante, entao resolvi compartilhar aqui no blog pra quem nao viu:

"É bem difícil um turista chegar ao Brasil e não se apaixonar pela paisagem, pela música, pela comida. Mas é o povo que deixa a melhor impressão. Vocês são charmosos, otimistas, sorridentes, hospitaleiros. E as qualidades são contagiantes. O estrangeiro chega e entra na mentalidade brasileira. Como dizem, quando em Roma, faça como os romanos…

Mas o que acontece quando o romano sai de Roma? Ou seja, agora que muitos brasileiros estão viajando pela primeira vez para o exterior é preciso pensar em quais “brasilidades” funcionam, e quais não, além das fronteiras brasileiras.

Sorrir muito e ter uma atitude positiva sempre vão dar certo. Outros costumes… nem tanto. Seguindo a tradição da coluna, fiz uma lista de sete, ou seja Seth, erros para o brasileiro evitar no exterior. (Um esclarecimento para o leitor. Deve ser irônico receber conselhos de comportamento de alguém dos Estados Unidos, país que produz talvez o turista mais chato e irritante do mundo – o famoso “ugly American”. Mas é que meu povo já é um caso perdido. Há séculos que nós viajamos pelo planeta fazendo besteiras, e cachorro velho não aprende truques novos. Para vocês, ainda há tempo.)


1) FALAR COM O POLEGAR:

É talvez a “brasilidade” mais comentada pelos americanos que visitam o seu país pela primeira vez: esse sinal de levantar o polegar (ou até os dois) para dizer “ok”, ou “não tem problema”, ou “de nada”, ou “pode passar” ou até simplesmente “bom dia”. O brasileiro não inventou o “thumbs up” (como se diz em inglês), mas é de longe o país que mais usa. Por exemplo, tenho um amigo que cada vez que viaja ao Brasil conta quantos “thumbs up” recebe por dia. Dois polegares ao mesmo tempo valem dois, óbvio.

Tudo bem dentro do Brasil. Mas em muitos outros países, é esquisito – até brega – fazer isso. (E em alguns países é vulgar: Bangladesh, por exemplo.) Para nós, nos Estados Unidos, é coisa do passado. Lembra muito o personagem “The Fonz” do seriado “Happy Days”, um cara cool demais… só que nos anos 50.


2) TOMAR BANHO. E OUTRO. E MAIS UM:

Os brasileiros são, sem dúvida, o povo mais limpo do mundo. Às vezes acho que nos dias mais quentes do verão vocês passam mais tempo debaixo do chuveiro do que fora. Eu não admito aos amigos brasileiros que nem sempre tomo banho antes de dormir, por medo de perder a amizade ou talvez até meu visto.

Mas quando for viajar, lembre que o Brasil tem 14% da água doce do mundo, e só 3% da população do planeta. Em muitos países a água é escassa, em outros o custo para aquecê-la é alto. Quando eu estudava em Paris, hospedado com uma família francesa, minha “mãe” reclamava muito quando eu passava mais de cinco minutos no chuveiro. Num hotel, pelo menos, ninguém vai saber que você está gastando demais os recursos naturais do país. Mas se você ficar na casa de amigos, tente se limitar a um banho curto por dia. Não se preocupe: que eu saiba ninguém nunca morreu por ficar pouco tempo no banho, nem mesmo na França.

3) USAR SUNGAS E BIQUÍNIS BRASILEIROS:

Não é que não pode. É que você só deve ficar ciente das repercussões. Queridas brasileiras, eu conheço vocês, e vocês adoram comentar quando uma gringa aparece na praia de Ipanema com um desses biquínis feios que cobrem a bunda toda. Agora se preparem para uma revanche. Se vocês andarem com um biquíni brasileiro ­– desses que tapam talvez 10% da sua bunda – em muitos países vão atrair alguns olhares estranhos das mulheres locais. (Os homens vão gostar, com certeza, mas só porque o biquíni lembra um pouco a roupa de uma stripper.)

Quanto à sunga, em alguns países, tudo bem. Em outros, como é o caso do meu, se considera bem esquisito e meio vulgar. Exemplo: num episódio do programa americano Curb Your Enthusiasm, o personagem principal (o comediante Larry David) enxerga o psiquiatra dele na praia… de sunga. Fica horrorizado e decide desistir da terapia.

4) LIXO NO LIXO:

O mundo está dividido em duas partes: a que tem sistema de esgotos que permite jogar o papel higiênico na privada, e a que não tem. E, desculpe a intimidade, mas no mundo com sistema de esgotos que permite, se considera muito nojento jogar papel usado no lixo.


5) BEIJAR À VONTADE:

O problema do beijo de cumprimento é bem documentado, não vou perder seu tempo falando de quantas vezes se beija em cada cidade do mundo. O problema é o beijo na boca, que no Brasil é muito mais aceitável em público do que em outros países. Ou seja: nas ruas, nos parques, nas mesas de bares e restaurantes, até na fila para entrar no cinema. Por isso eu sempre digo que o lema oficial do Brasil deveria ser “Get a room!”. Essa frase, que em tradução livre seria algo como “Arrume um motel!”, é o que se fala quando um casal está expressando sua afeição de forma… exagerada.

Juro que em nenhum outro país do mundo (que eu conheça) os casais se beijam tão aberta e apaixonadamente em público quanto no Brasil. E pior, ao lado dos amigos. Eu não estou contra, e até faço também quando a situação se justifica… no Brasil. Mas em outros países, na maioria das situações, é preciso se controlar para não constranger os outros. Existem exceções: no cinema, até pode, mas pelo amor de Deus só se estiverem sozinhos, e não ao lado de um casal de amigos. Na balada ou numa festa, ok, não precisa arrumar um motel para se beijar. Mas arrume um cantinho escuro pelo menos.

6) ESQUECER A GORJETA:

Em Nova York, os garçons odeiam os estrangeiros. Por quê? Porque um garçom nos EUA não ganha quase nada de salário – recebe até menos de um salário mínimo, porque vive das gorjetas. Até os estrangeiros que sabem disso acham justo deixar 10% ou 12%. Não é. É 15% se você é chato (ou se o garçom foi chato) e 18% ou 20% se não. E sem reclamar. Em outros países, a gorjeta varia muito, por isso você sempre deve dar uma olhada no sua guia de viagem ou procurar na internet. (Eu não conheço um bom site em português mas em inglês existem muitos – bota “tipping by country” no Google.


7) PEDIR CERVEJA COMO SE ESTIVESSE NO BRASIL:

Uma vez fui jantar em Nova York com uma família de brasileiros. O pai acabava de chegar ao país e tentou explicar à garçonete (em português, que ela não entendia) que queria a cerveja com dois dedos de colarinho. Quando a bebida chegou sem espuma nenhuma, ele reclamou e tentou explicar de novo. A garçonete falou para nós: “Explique para ele que entendo o que ele quer, mas o negócio do chope não funciona assim.” E é verdade: colarinho na cerveja é um fenômeno brasileiro que é difícil de encontrar na maioria de países (fora a cerveja Guinness).

Quanto à cerveja gelada, o mundo está mais dividido. Normalmente, pessoas de países tropicais gostam de cervejas fracas e bem geladas, para se refrescar num dia quente. Esse é o caso do Brasil. Mas em muitos outros países se acredita que o sabor é mais importante, e é fato que cerveja muito gelada perde o sabor. Um dia, na Bolívia, eu estava jantando com um casal de brasileiros que reclamou à garçonete que a cerveja estava quente. Tentei explicar para eles: “não vai ter mais gelada, aqui se toma assim.”

Nossa, já chegamos a sete? Então preciso colocar um bônus especial para meus queridos paulistanos:


7 – B) MATAR PEDESTRES À VONTADE:

Não sou advogado, mas segundo observo nas ruas de São Paulo, a lei local determina que um motorista que vê um pedestre atravessar a rua e não tenta matá-lo vai preso. Mas quando você alugar um carro em outro país, preste atenção: o pedestre tem algo que se chama “direitos.” Em alguns países da Europa, da Ásia e estados dos Estados Unidos, a lei até exige parar o carro quando alguém pisa na faixa de pedestres.

Agora, a boa notícia. O brasileiro é tão querido no mundo – pelos jogadores de futebol, pela música, pela atitude – que até pode cometer os erros e ninguém vai reclamar. Bom, talvez o pedestre, se é que ele sobrevive".

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Por fim, gostaria de adicionar um "erro" a lista. Na verdade eh um comportamento que muitos brasileiros tem por aqui, e que ja foi mencionado uma vez pela Lu Patinadora num post recente:

8) VESTIR A CAMISA DA SELECAO BRASILEIRA PRA CIMA E PRA BAIXO:

Eh engracado como brasileiro gosta de se fantasiar quando sai do Brasil. Parece que o povo eh mais patriota no exterior do que em casa.

13 comentários:

Piaçava disse...

Adorei o post! Vou até publicar no meu blog depois, citando o de vocês, claro. Quanto à questão do banho, concordo que algumas pessoas não precisam tomar banho de manhã. Eu tive um colega de trabalho bem gordo que hunca exalava cheiro nenhum, apesar de só tomar um banho `a noite, mas a maioria das pessoas fica com um cheirinho azedo de manhã, e aguentar esse cheiro no metrô lotado ou no seu colega ao lado no trabalho é bem complicado.

Bia disse...

Adorei o ponto 7 e o ponto extra (8)! hahhahaha!!

Patitando disse...

Adorei!!!! Estou compartilhando...
bj!

Fabiane Camargo disse...

Olá, descobri seu blog há pouco e estou adorando! :)

esse jornalista foi muito perspicaz, eu mesma me vi fazendo vários dos pontos por ele citados :) heheh

bjs
Fabiane
http://fabiane-e-cleber.blogspot.com/

Teca disse...

heheheh.. o 8 é o melhor :D. Se bem que às vezes, se estamos em um país estranho, Russia (por exemplo) a camisa da seleçao brasileira ajuda muito em determinadas situações :P
As pessoas ficam mais amigáveis ao verem que somos brasileiros :p

Claudia disse...

Adorei o texto e repassei para várias pessoas! Muito bom! O curioso é que no post você faz uma coisa tipicamente brasileira, que eu me policio mas também acabo fazendo: reparar nas roupas dos outros. :)

Gisley Scott disse...

Quero comentar aqui e pontuar algumas coisas que esse jornalista americano disse.Às vezes muito é esperado dos estrangeiros qdo o povo da própria nação faz igual ou pior.O famoso faça o que eu digo mas não faça o que eu faço.

Eu moro nos EUA há mais de 2 anos e eu sei que muitas vezes é fácil para estrangeiro dizer "sim senhor" pra tudo que esse povo fala.Vou comentar um pouco baseado no que esse jornalista falou:

FALAR COM O POLEGAR: Isso pra mim não deveria ser considerado um erro.Afinal, a pessoa não está ofedendo ninguém.Se eles acham que é old-fashioned, é outra coisa mas eu não colocaria uma forma de linguagem como algo errôneo de se fazer.Contanto que a pessoa esteja passando a msg tudo é válido.

Aqui as mulheres usam uns vestidos com uns laços atrás.Para a nossa cultura isso seria algo old-fashioned já que apenas crianças usam esse tipo de vestimenta, mas eu dizer que algo é errado pq é diferente não tem nada a ver!

USAR SUNGAS E BIQUÍNIS BRASILEIROS: o sunga eu até entendo,mas engraçado que a mulher brasileira é comparada à uma stripper pq usa o biquini menor enquanto muitas mulheres americanas se vestem como mulheres da vida no dia a dia, mas não elas estão apenas sendo elas e elas vão usar o que querem pq ninguém manda nelas.Essa é a mentalidade aqui.

Mostrando os peitos e a poupa da bunda, isso mesmo até crianças de 10 anos em diante. Vc vê a falta de coerência?

Já vi muitas mulheres usarem roupas totalmente inadequadas até no ambiente de trabalho.Fui num banco falar com uma gerente,60% dos peitos dela estavam de fora num decote macro.Entendo demais que se ela estivesse na balada, isso até faria sentido,mas a pessoa era gerente! Não vou mentir a primeira impressão que eu tive foi: dormiu com quem p/ conseguir essa vaga?

Mas se uma mulher usa um biquini na PRAIA um pouco menor do que o esperado por eles, "ela é stripper".

Outra coisa tb, cansei de ver cueca de homem nesse país e não falo de vitrine.Os homens andam tudo com as calças lá embaixo mostrando a cueca como um todo, às vezes dá vontade de perguntar pq não sai só de cueca logo já que todo mundo viu tudo mesmo...Isso é em restaurante,em mercantil, no meio da rua, todos os lugares.


MATAR PEDESTRES À VONTADE:

Deixe-me lhe dizer que como pedestre os americanos não páram para vc passar.Pelo menos não aonde eu moro...O sinal diz YIELD, mas eles não estão nem vendo, se vc tentar atravessar, é capaz de morrer tb! Eu quase já fui atropelada e já levei até buzinada quando eu estava dentro do meu direito de pedestre.Por isso que eu digo, não dê ouvidos ao que os americanos esperam dos estrangeiros pq eles são tão mau educados quanto e tão incoerentes quanto.

A última pessoa que eu ouviria em termos de comportamento são pessoas que comem de boca aberta no restaurante, comem carne com a mão,falam de boca cheia e ainda arrotam sem medo de ser feliz.

Anônimo disse...

Bem legal o texto. Mas fiquei meio assustado com o tópico número 4. As pessoas jogam o papel usado no vaso sanitário?!

Lupatinadora disse...

Ha, eu li esse artigo também e senti falta do ponto 8, rs rs rs!

Uma vez na vida cometi o erro 8 (isso que era época de Copa do Mundo). Tive que ouvir comentários maliciosos em alemão e depois dessa nunca mais. Na boa, acho muito brega o povo se fantasiar e brasileiro por aí quando no Brasil isso não se faz. Voo pra Miami então metade do avião está com camisa da seleção. Não conheço nenhuma outra nacionalidade que faça isso (talvez os americanos, mas eles fazem isso dentro dos States mesmo).

Aqui em TO no verão a cidade enche de estudantes brasileiros, que são os campeões da fantasia brasileira - e acho que eram esses os que estavam no show do U2, inclusive.

Ah, e pra quem perguntou, na Am. do Norte papel é no vaso - inclusive, é bem mais ecológico do que jogar no lixo, pois é biodegradável e não enche os aterros.

Aroldo Virginio da Silva disse...

Sobre o da camisa da seleção, acho que só ficamos atrás dos italianos.

Anônimo disse...

Gde pedro, realmente alguns sao validos como o do lixo e do falso patriota mas outras sao relacionados a valores, como por exemplo se sentir limpo e tomar banhos. Agora um fato eh inegavel, cada vez mais brazucas estao viajando e serao mais notados. Abs edu

Terráqueo disse...

Adorei essa postagem, é o retrato fiel de como uma grande parte dos brasileiros se comportam no exterior.

Junia disse...

Odeio o tal do polegar até em emojis 😂