Um click...e muita dor de cabeça!

Na quarta-feira, dia 24/09, poucos dias antes do nosso casamento, entrei no site do Bradesco para efetuar duas transferências bancárias. Após 7 anos de espera, finalmente ganhamos uma ação contra a FIAT*, e eu precisava pagar os honorários dos advogados.
Fui dormir tranquilo e feliz, pois sabia que este dinheiro veio em boa hora, um reforço e tanto no nosso orçamento antes de viajar pro Canadá.

No outro dia, acessei a Internet novamente, para verificar meu extrato. E tive uma desagradável surpresa: de quarta pra quinta, algum gatuno virtual desviou boa parte do que estava depositado na minha poupança. Inúmeras transferências e uma série de pagamentos de boletos bancários foram efetuados.
Estarrecido, liguei pro banco e imediatamente cancelei todas as minhas senhas. Tive que ir pessoalmente até a agência e escrever uma carta de próprio punho, citando cada lançamento irregular em minha conta. Além disso, tive que ir até a delegacia fazer o boletim de ocorrência. O detalhe é que a Polícia Civil estava (e ainda está) em greve, e não era possível fazer o procedimento pela internet. Após um belo "chá de cadeira" na delegacia, para minha sorte, o escrivão resolveu fazer o B.O. Entreguei o papel pra minha gerente do banco, que disse que a partir daí o Bradesco faria o processo administrativo e, comprovada a fraude, o estorno seria efetuado.

Lembro que fiquei arrasado. De alguma forma tentei esquecer este assunto até o casamento. Não queria que tal fato estragasse o dia mais feliz da minha vida. Mas a raiva era, e ainda é, muito grande. Para qualquer operação bancária que eu fazia até então, até mesmo para valores irrisórios, o banco só faltava pedir minha impressão digital, como então um malandro deste conseguiu efetuar tamanho estrago e sair ileso? E o pior é que ele deve estar agora aplicando este mesmo golpe em outras pessoas, pois a polícia mal pega os bandidos em carne e osso, quanto mais os virtuais!

Estive pesquisando sobre estas fraudes na internet e vi que os golpistas, além de fazer compras pela internet, transferem dinheiro pra conta de laranjas e também pagam o valor de face de boletos bancários para terceiros, que por sua vez dão aos marginais um percetual sobre cada transação. Ou seja, é um esquema que muitas vezes envolve verdadeiras quadrilhas.

Pois bem, nesta quinta, se completam 3 semanas de angústia, e até agora, mesmo reclamando na Ouvidoria do Bradesco e telefonando e indo até a agência diversas vezes, continuo esperando a devolução do valor. O banco não dá detalhes do andamento do processo, o que é extremanete frustante. Imaginem a situação das pessoas que podem ter menos dinheiro no banco e de repente vêem todas as suas economias subtraídas, tendo contas para pagar, supermercado pra fazer, escola dos filhos...Elas podem esperar sei lá quanto tempo até que o banco tenha "boa vontade" de fazer o ressarcimento?

Já não bastava ter paciência com a morosidade do Consulado em relação aos vistos, agora tenho que aguardar também por uma resolução para este caso.

Internet banking, nunca mais! Bem que minha mãe sempre me alertou sobre estes golpes, mas eu achava que isso fosse receio bobo de gente mais velha que não se dá bem com computador e internet. A partir de agora não faço mais compras com cartão de crédito on line ou qualquer outra operação bancária pelo computador.

E resta rezar para que o banco me devolva este dinheiro, pois ele fará muita falta na nossa futura viagem. Será que vou ter que entrar na Justiça mais uma vez e aguardar uns 10 anos até receber esta grana com juros e também indenização por danos morais?

Espero não ter que pagar um preço tão alto para ter aprendido esta lição.

* Sobre a ação contra a FIAT: Em 1999, comprei meu primeiro carro. Na concessionária FIAT, zero km, com entrada de 50% à vista e leasing em 24 prestações por 2 anos. Quanto quitei o carro, fui ao DETRAN passá-lo pro meu nome, e eis que descubro que, antes mesmo de comprar o carro, ele já havia sido leiloado, devido a uma ação trabalhista contra a concessionária, que faliu pouco tempo depois de eu ter efetuado a compra. Ou seja, o Banco FIAT me fez um leasing de um bem que havia sido leiloado, dá pra acreditar? Até conseguir a liberação do carro, tive que ficar rodando com ele por quase um ano sem o licensiamento, pois trabalhava longe e dependia do automóvel. Morria de medo de uma blitz me parar. Após 7 anos, quando a justiça foi feita, caí nas garras de mais um salafrário.